domingo, 15 de maio de 2011

A sobrecarga e a ansiedade prejudicial


A ansiedade e o estresse são realmente tão ruins assim? Ou não passam de um estado mental normal e de um mero sentimento que encaramos com excessiva seriedade? Alguma forma de ansiedade e estresse é essencial à nossa vida, porém, num mundo em que o ritmo de trabalho é acelerado, essas reações naturais do ser humano, em geral, ficam sem controle e se tornam prejudiciais à nossa produtividade, à nossa paz de espírito e à nossa saúde. Veja a seguir o que têm a dizer alguns peritos no assunto.
Segundo uma pesquisa feita pela University of Chicago, mais de 40% dos americanos têm estresse no ambiente de trabalho. NPR, Morning Edition, 16 de outubro de 2000.
Atualmente, o estresse provocado pelo trabalho é responsável por mais de 50% das 550 milhões de horas perdidas anualmente, em virtude do absenteísmo. K. R. S. Edstrom.
A ansiedade da informação é um mal-estar crônico, um temor mórbido diante da possibilidade de sermos a qualquer momento sobrepujados pelo mesmo assunto que devemos dominar para exercer nossas atividades neste mundo. Richard Saul Wurman. Overload.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o estresse no trabalho é uma epidemia que se alastrou por todo o mundo.
O que anteriormente era considerado um modelo de sobrecarga de trabalho agora é visto como um comportamento empresarial normal. Jennifer Laabs, Workforce.
Por que se preocupar com o estresse?
Por que, então, se preocupar com o estresse, sobretudo no ambiente de trabalho? Existem várias razões. O que parece ser algo normal e corriqueiro, ou seja, uma sensação de preocupação e ansiedade em relação às suas atividades diárias, pode estar impedindo que você ou os membros de sua equipe atinjam metas pessoais e empresariais. Se o estresse prejudicial não for devidamente cuidado, ele pode:
  • Reduzir a produtividade. O estresse prejudicial contribui para uma diminuição de produtividade, absenteísmo e rotatividade de funcionários. Se os funcionários começarem a cometer erros ou a diminuir o ritmo, preferindo ficar em casa para evitar as situações que causam estresse no trabalho ou até mesmo demitindo-se na esperança de conseguir um emprego menos estressante, isso pode afetar diretamente a produtividade de sua equipe ou das pessoas que você supervisiona.
  • Afetar a saúde. Estresse muito prolongado pode causar doenças físicas e até mesmo a morte. Seu corpo reage ao estresse da mesma forma que a qualquer situação que coloque em risco sua integridade física, aumentando a pressão sangüínea e alertando os sentidos. Essa reação protege a pessoa e pode ser benéfica durante algum tempo, mas estresse, preocupações e ansiedade prolongados podem levar seu corpo a um esforço além dos limites suportáveis.
  • Esgotar sua energia. Preocupações, estresse e ansiedade em excesso podem drenar toda a energia de seu corpo, comprometendo sua vida pessoal e profissional. Você precisa de energia para se concentrar, para reagir de forma eficaz e para fazer julgamentos apropriados. As preocupações acabam com sua energia, privando você de recursos físicos, mentais ou emocionais de que precisa para ter um bom desempenho no emprego.
  • Prejudicar relacionamentos. O estresse pode romper relacionamentos - no trabalho ou em casa. Embora seja comum pessoas de personalidade divergente trabalharem juntas, o que pode gerar conflitos interpessoais, o estresse pode acentuar esses sentimentos negativos ou agravar situações atuais, fazendo com que problemas sem importância pareçam enormes, prejudicando, com isso, o desempenho de toda a equipe.
A equação básica de ansiedade
O que causa esse tipo de ansiedade prejudicial? Ao se sentir vulnerável às ameaças visíveis e quando você percebe que não tem o poder suficiente para controlar o que acontece à sua volta, geralmente seu nível de preocupação e ansiedade aumenta. Falando em termos matemáticos:

Aumento da vulnerabilidade + decréscimo de poder = aumento de ansiedade.
Ao se sentir mais vulnerável, você passa a ver o perigo de forma exagerada, de modo que um pequeno problema se torna um enorme pesadelo. Por exemplo, caso os custos diretos de seu departamento, em determinado mês, exceda o orçamento, talvez você comece a imaginar que todo o orçamento anual vai ficar comprometido com custos não previstos.
Um sentimento de perda de poder faz com que você subestime ou se esqueça da força que tem para lutar contra o perigo. Por exemplo, ao se confrontar com um aumento dos custos além do previsto no orçamento, talvez você se esqueça de que você tem condições de avaliar as causas do problema e fazer os necessários ajustes para reverter à situação nos próximos meses.
Um elevado nível de ansiedade impede que você tome decisões racionais e aja de modo positivo para resolver os problemas.
A equação básica de ansiedade demonstra como a ansiedade prejudicial pode surgir não de um perigo real, mas de uma situação de risco imaginário. Uma mente ansiosa pode ser bem criativa ao prever situações ameaçadoras que, provavelmente, não vão ocorrer.
O ciclo de estresse negativo
Depois que você atinge um nível elevado de ansiedade, pode ser difícil reajustar seu equilíbrio de ansiedade. A seguir, o diagrama do ciclo de estresse negativo mostra como os sintomas de estresse e ansiedade podem se tornar um conjunto de interações que se reproduz incessantemente.
Livrar-se do ciclo de estresse negativo é o primeiro passo para conseguir um equilíbrio saudável de ansiedade.
Coisas ruins realmente acontecem
É verdade que coisas ruins realmente acontecem e, às vezes, aquilo que parece ser uma ansiedade excessiva, na realidade, é um sentimento apropriado àquela situação.
Exemplo: Se sua empresa for, repentinamente, adquirida por outra, é perfeitamente justificável o temor de um possível enxugamento. Ou digamos que você é um empreendedor com problemas de caixa e sabe que o banco poderá, a qualquer momento, cancelar sua linha de crédito. Para você, pode ser perfeitamente justificável ficar receoso no que diz respeito a essa possibilidade.
Em situações assim, o resultado da ansiedade, ou da ansiedade saudável, pode ser o de prover a energia de que você precisa para lidar com os problemas. Ao prever uma situação, você pode estar elaborando possíveis soluções. A coisa importante a fazer é determinar a diferença entre uma ansiedade saudável, que pode ser útil, e uma ansiedade prejudicial, que pode causar danos. 

Estresse positivo e ansiedade produtiva


O poder dinâmico da ansiedade
Visto que coisas ruins realmente acontecem e considerando que a tensão aumenta quando temos de estar atentos, então precisamos de algum tipo de ansiedade para sobreviver. A ansiedade é nossa defesa natural contra uma situação ameaçadora que nos ajuda a reagir rápida e eficazmente. De modo que, até certo ponto, a preocupação e a ansiedade constituem reações saudáveis. Um gráfico clássico desenvolvido por Yerkes e Dodson expressa o valor da ansiedade na curva de desempenho e ansiedade.
A princípio, com o aumento da ansiedade ou da preocupação, o desempenho também aumenta. Em determinado momento, porém, a ansiedade assume proporções excessivas e faz com que o desempenho diminua.
Uma importante meta que todo profissional deveria ter é tentar achar esse nível de ansiedade, que vai ajudá-lo a chegar ao máximo de seu desempenho, ao mesmo tempo que evita a ansiedade excessiva, pois isso seria prejudicial tanto para ele quanto para sua equipe ou subordinados, bem como para sua saúde profissional e pessoal.
O valor empresarial da ansiedade salutar
Quando a ansiedade deixa de ser algo pessoal para se tornar uma forma controlada de prever situações, a energia produzida pela ansiedade pode fazer com que você se torne produtivo e criativo, ajudando-o a descobrir novas soluções aos desafios de sua empresa. Ao se sentir ansioso no trabalho, isso pode ajudá-lo a ter o ímpeto e a adrenalina necessários para que você consiga focalizar sua energia de forma mais precisa, visando a um desempenho de alto nível. Por exemplo, um estresse positivo e saudável pode ser a fonte de energia de que você precisa para:
  • Cumprir prazos críticos
  • Apresentar uma proposta irresistível
  • Resolver novos problemas
  • Manter a situação sob controle
  • Contribuir para os esforços de uma equipe
  • Aprender novas habilidades
  • Começar a trabalhar em um novo emprego
  • Lidar com uma crise
A ansiedade salutar, por antecipação, pode ajudá-lo a se preparar para acontecimentos como esses, ao passo que o estresse positivo, diante de um evento qualquer, pode ser a fonte de energia e vigor de que você precisa para desempenhar a tarefa de modo eficaz.
Abordagens diferentes para pessoas diferentes
De fato, algumas pessoas se aventuram no mundo de alto risco do mercado de futuros, ou quando investem em projetos de alta tecnologia, ou quando têm de atingir metas criativas de publicidade. Outras pessoas, porém, preferem trabalhar em um ambiente mais estável, algo que seja mais previsível e administrável. O lado negativo do estresse é que, quando em excesso, pode levar a pessoa a uma exaustão precoce, ao passo que um nível mínimo de estresse pode levar a pessoa a ter um desempenho medíocre. Não obstante, cada um tem seu próprio nível de estresse no ponto máximo da curva de desempenho e ansiedade que o ajuda a maximizar suas metas de trabalho.
Avaliando seu nível de estresse
A ansiedade salutar ajuda as pessoas a ter um desempenho eficaz, como fonte de percepção preventiva e insight para resolver problemas na empresa. Por outro lado, a ansiedade prejudicial pode deturpar sua percepção do problema e impedir seus esforços para resolvê-lo.
Assim sendo, como determinar se o seu estresse é de natureza saudável ou não? Como descobrir se você tem a tendência de se preocupar demais com os problemas na empresa? Posto de modo simples, quando a ansiedade ou o estresse interfere em seu trabalho produtivo, então você realmente tem um problema. As pessoas que têm a tendência de se preocupar demais com os problemas sentem temores exagerados, gastam muito tempo com idéias fixas nada construtivas, não tomam decisões e são lentas em produzir resultados.
Se você suspeita ou já está consciente de que o estresse é um problema para você, para sua equipe ou para seus subordinados, comece a avaliar a gravidade do problema examinando tanto o ambiente de trabalho quanto as respostas individuais a esse ambiente. 

Os principais agentes geradores de estresse do ambiente de trabalho


As causas mais comuns de estresse no ambiente de trabalho são: 1. mudanças no ambiente - situações súbitas que dão origem a um ciclo de estresse negativo; 2. um ambiente de trabalho insalubre - problemas constantes, subjacentes e sistêmicos no escritório; ou 3. respostas individuais - reações que indicam aflição diante de uma situação normal ou anormal no local de trabalho. Em geral, o estresse negativo e a ansiedade prejudicial que uma pessoa venha a ter podem estar relacionados a mais de um agente gerador de estresse. Algumas das situações estressantes mais comuns:
Mudanças no ambiente de trabalho
  • Alteração da carga de trabalho. Se uma empresa reduz o tamanho de sua força de trabalho sem alterar seus níveis de produção, neste caso, os funcionários talvez tenham de assumir tarefas extras e aumentar a produtividade a fim de compensar a falta de pessoal. Ou, talvez, tenham de assumir responsabilidades além de suas atividades normais, durante um período de expansão da empresa. Em qualquer um desses casos, o trabalho extra pode gerar tanto ressentimento quanto ansiedade.
  • Alteração na remuneração. Se a remuneração de um funcionário for reduzida (por exemplo, por meio de cortes de benefícios), isso pode, com certeza, levá-lo a ficar ansioso com respeito ao seu orçamento. Porém, mesmo que ele tenha um aumento de remuneração, isso também pode fazer com que ele fique ansioso, diante da possibilidade de passar para uma alíquota mais alta do imposto de renda, ou caso perceba que deverá ter um desempenho superior para fazer jus ao aumento.
  • Mudança de emprego, atribuição ou equipe. Um novo emprego sempre gera estresse. O funcionário não apenas tem de aprender novas habilidades e processos, como também tem de desenvolver novos relacionamentos no escritório ou na equipe. Tudo isso demanda energia e atenção extras, o que pode gerar estresse prejudicial, impedindo-o de ter um bom desempenho.
  • Medo de perder o emprego. Nesta era de alta tecnologia que revoluciona o mundo, de enxugamentos em grandes corporações (que, normalmente, atingem mais a gerência média), de expectativas de alta rotatividade de funcionários e de rápido crescimento dos mercados globalizados, a ameaça de perder o emprego parece ser cada vez mais constante.
Ambiente de trabalho insalubre
  • Sobrecarga de trabalho. Quando uma empresa decide fazer um enxugamento ou quando tem dificuldade de encontrar profissionais capacitados, em geral os supervisores criam a expectativa de que os funcionários remanescentes sejam fervorosos em compensar a falta no que diz respeito ao horário e ao trabalho. Normalmente, o resultado disso é uma sobrecarga de trabalho que aumenta o estresse e a tensão de uma equipe que já está sobrecarregada.
  • A cultura do vício de trabalhar. A cultura de determinadas organizações que exercem muita pressão sobre seus funcionários é de que eles devem fazer horas extras e trabalhar nos fins de semana, mesmo que isso não seja, de fato, necessário. Essa cultura é marcada pelo estigma de intensa competição e exaustão entre os funcionários.
  • O superior hierárquico. Existem gerentes cujo estilo de liderança simplesmente não combina com as necessidades profissionais de seus subordinados diretos. Por exemplo, alguns gerentes acreditam que pressionar a equipe aumenta a produtividade, quando, na realidade, em geral, o oposto é que é verdade - ela acaba criando um sentimento generalizado de medo que mina a produtividade. O conflito com um superior hierárquico problemático constitui uma das principais causas da rotatividade nas empresas
  •   Colegas de trabalho negativos. Se o clima de determinado escritório fica carregado de desconfiança e disputa, isso aumenta o nível de estresse de cada um dos funcionários envolvidos. São várias as causas - choque de personalidade, cargas de trabalho desproporcionais, comportamento inadequado ou indelicado -, porém o efeito negativo é o mesmo.
Reações individuais
  • Medo do fracasso. Se determinado ambiente de trabalho estiver carregado de competição e crítica, em vez de fortalecimento da equipe e encorajamento, o resultado pode ser o pensamento negativo que transforma a crítica externa em dúvida interna e em medo acentuado de fracasso.
  • Baixa auto-estima. Quase que no mesmo nível do medo de fracasso, a baixa auto-estima ocorre quando um pensamento negativo assume o controle, impedindo ou desfigurando quaisquer mensagens positivas.
  • Falta de confiança. Um ar de cinismo pode assolar o ambiente de trabalho, caso a gerência insista em um conjunto de valores positivos, como lealdade e dedicação, mas age de uma forma que contradiz esses valores, como ao reaparelhar a empresa ou fazer um enxugamento.
  • Perda do convívio comunitário. Muitas pessoas se sentem deslocadas no emprego, esquecidas e abandonadas em suas salas. Essa sensação de isolamento constitui um problema real no caso de profissionais autônomos, mas tem se tornado uma preocupação cada vez maior para as empresas, que, em vez de concentrar seus funcionários em um mesmo espaço comunitário, estão ligadas por redes de computador.
  • Esgotamento no emprego. O esgotamento no emprego é um tipo bem particular de estresse. É uma conseqüência séria da combinação de uma cultura viciada em trabalho e estresse prejudicial. A exaustão pode atingi-lo quando você se sentir encurralado, incapaz de ver qualquer futuro em seu trabalho. Você não consegue desincumbir-se das tarefas rotineiras; sente-se cansado, tenso, irritado e, francamente, você não dá mais a mínima! 

Sinais de esgotamento


Alguns dos sinais de esgotamento, isto é, de que o estresse já foi longe demais, são facilmente reconhecidos. Muitos, porém, não o são. Se você pode desenvolver uma percepção desses sinais, certamente vai conseguir determinar se você é uma pessoa normal ou excessivamente preocupada. O estresse pode afetá-lo em quatro diferentes áreas: seu corpo, suas emoções, seu comportamento e sua mente.
Seu corpo.
Alguns sinais físicos de estresse incluem os seguintes:
  • Batimento cardíaco acelerado
  • Pressão alta
  • Transpiração
  • Dores de cabeça
  • Perturbações durante o sono
  • Ressecamento da pele
  • Tremura ou tiques nervosos
Essas reações podem ser transitórias, mas se persistirem é sinal de que o seu nível de estresse pode estar bem elevado, e já por bastante tempo. Isso pode causar sérios danos ao seu corpo.
Suas emoções. Alguns sinais emocionais de estresse incluem os seguintes:
  • Irritabilidade e impaciência
  • Depressão
  • Temor
  • Baixa auto-estima
  • Inveja
  • Perda do interesse em seu trabalho
Se você se sente como se as coisas fugissem de seu controle, que você está vulnerável, então é provável que você esteja passando por um dos sintomas característicos da equação básica de ansiedade.
Seu comportamento. Alguns sinais comportamentais de estresse incluem:
  • Mudanças nos hábitos alimentares (comer com exagero ou pouco demais)
  • Aumento do consumo de bebidas alcoólicas
  • Consumo excessivo de fumo
  • Hábito de ringir os dentes e/ou de roer as unhas
  • Diminuição do passo, inquietação
  • Dirigir de modo agressivo
Muito embora roer as unhas e ringir os dentes talvez nem pareçam hábitos especificamente perigosos, mesmo assim refletem uma agitação interna. Os outros sintomas listados acima, potencialmente, representam um incômodo muito maior e, até mesmo, perigoso, tanto para você como para os outros à sua volta.
Sua mente. Alguns sinais mentais são:
  • Tendência de esquecimento
  • Confusão mental ou dar um branco
  • Indecisão
  • Resistência à mudança
  • Diminuição do senso de humor
  • Diminuição de produtividade
Esses sinais mentais de estresse sugerem que a mente está abatida e incapaz de funcionar sob circunstâncias normais, muito menos em níveis de maior exigência. A ansiedade prejudicial faz exatamente isto: ela sobrepuja sua capacidade de fazer as coisas que você quer fazer e de ser a pessoa que você quer ser.
Como gerente, talvez você não consiga detectar todos os sinais de estresse em seus subordinados, porém fique atento aos sinais mais óbvios, como diminuição da produtividade, agitação e irritabilidade.
Níveis de estresse
Os níveis de estresse podem variar desde reações saudáveis a situações perigosas até a ansiedade exagerada e anormal diante de qualquer situação.
Considere sua própria situação:
  • O nível de estresse em seu ambiente de trabalho contribui para gerar energia e estímulo?
  • Existem grandes agentes estressores que estão afetando seu desempenho ou o trabalho de seus colegas?
  • Você ou membros de sua equipe demonstram sinais de estresse prejudicial?
Se o estresse for um problema para você ou para outras pessoas em seu local de trabalho, então é hora de encará-lo e resolvê-lo. Existem várias maneiras de melhorar uma situação insalubre, dominada pelo estresse. As estratégias apresentadas neste tema, que mostram como lidar com o estresse prejudicial, podem ajudar muitas pessoas a atingir um equilíbrio mais saudável de desempenho sob estresse. No entanto, caso você ou seus colegas de trabalho ou seus subordinados se sintam perdidos, então é importante determinar a extensão do problema e buscar a ajuda de um profissional.
Assumindo o controle da situação: Estratégias que funcionam
Sempre vão existir aspectos de sua vida que não podem ser mudados - por exemplo, quem você é, onde você se encontra e onde você já esteve. Para aqueles fatos que, simplesmente, constituem uma realidade, a melhor política é aceitá-los.
Entretanto, no que diz respeito aos aspectos de sua vida que podem ser alterados, assumir o controle da situação, concedendo a você mesmo o poder de realizar mudanças, representa uma perspectiva empolgante. Se o nível de seu estresse for muito alto, se você tem a tendência a se preocupar de forma obsessiva, se você fica ansioso com qualquer coisinha, respire fundo (esse é o primeiro passo) e assuma o controle da situação.
Essas palavras sábias também se aplicam aos gerentes. Ajude sua equipe ou seus subordinados a aceitar os componentes imutáveis do ambiente de trabalho e assumir o controle daquilo que pode ser substituído ou reformado.
Esta seção apresenta uma visão geral das estratégias básicas de como assumir o controle de uma situação.
Reverta a equação básica de ansiedade
A equação básica de ansiedade descreve um processo negativo de aumento da ansiedade.

Diminuição de vulnerabilidade + aumento de poder = diminuição de ansiedade.
Assumir o controle de uma situação descreve o processo de como reverter essa equação básica: diminuir a ansiedade, reduzindo seu sentimento de vulnerabilidade e resguardando seu sentimento de poder.

Diminuição de vulnerabilidade + aumento de poder = diminuição de ansiedade.
Quando você decide assumir o controle, consegue diminuir a sensação de inutilidade, aumentar seu poder de perceber o problema com maior nitidez e descobrir as ações positivas que devem ser tomadas, a fim de melhorar a situação ou resolver o problema, além de reduzir rapidamente a ansiedade que estava interferindo em sua habilidade de ter um desempenho eficaz. 

Aplique a abordagem de quatro passos


Uma forma de você se livrar do ciclo de estresse negativo é adotar esta abordagem de quatro passos, que apresenta uma estrutura de como lidar com o estresse desde o início.
  1. Pare. Assim que você perceber que o estresse está chegando, diga a você mesmo: Pare! Por exemplo, seu computador trava exatamente quando você está terminando uma apresentação e você é tomado de súbita ansiedade ao se lembrar das mensagens de erro que podem aparecer no monitor. A apresentação vai ser um fracasso; Não vou conseguir; Vou ser despedido. Antes que essas mensagens sejam expressas verbalmente, bloqueie-as dizendo Pare! Repita isso duas vezes: Pare! Pare!
2.    Respire. O próximo passo é respirar. Respire fundo, enchendo seu diafragma de ar. Segure a respiração por oito segundos e, então, solte o ar lentamente. Da mesma forma que a palavra pare bloqueia os pensamentos negativos de sua mente, a respiração evita a tendência que temos de não respirar quando sob pressão. Concentrar-se na respiração vai ajudá-lo a focar seu estresse de maneira diferente.
  1. Reflita. Quando você interrompe o padrão de estresse e gera energia por meio da respiração, você consegue focar o verdadeiro problema, a causa do estresse. Ao refletir sobre suas reações ao estresse, você pode começar a determinar os diferentes níveis de pensamento e separar as reações racionais ao estresse das irracionais. Você pode, calma e realisticamente, identificar a situação real, distinguindo-a das distorções de seus pensamentos influenciados pela ansiedade.
  2. Decida. Finalmente, uma vez que você está concentrado no problema real, você pode decidir encontrar uma solução prática. Por exemplo, depois de reinicializar seu computador, talvez você descubra que muito pouco material foi perdido ou que mesmo sem esse material você consegue transmitir as informações pelo velho método de falar à sua platéia. O que talvez tenha parecido um desastre não passou de um problema administrável, cuja solução você mesmo patrocinou ao gerar os recursos necessários de que iria precisar, identificando suas opções.
Equilíbrio entre trabalho e vida pessoal
O estresse ocorre na maioria das situações de trabalho, porém as exigências quase sempre conflitantes entre trabalho e vida pessoal podem se tornar uma fonte importante de estresse, angústia e ansiedade, tanto no trabalho quanto em casa. Encontrar um equilíbrio saudável entre os dois pode reduzir o estresse prejudicial e aumentar a energia produtiva em todos os aspectos de sua vida. Tenha em mente o seguinte:
  • Trabalho e vida pessoal devem ser complementares e não conflitantes.
  • As prioridades do trabalho devem ser identificadas e, em seguida, contrabalançadas com seus interesses pessoais.
  • Pessoas completas são aquelas cujas habilidades e conhecimentos se entrecruzam no trabalho e na vida pessoal.
  • Uma abordagem flexível e criativa a esse equilíbrio melhora o desempenho e a energia, tanto no trabalho quanto na vida pessoal.
A solução racional: Transformando a ansiedade em ação
Agora você já pode usar o poder de sua mente para alterar o padrão de uma ansiedade crônica. A abordagem sistemática chamada Avaliação-Planejamento-Solução vai ajudá-lo a examinar o processo envolvido na ansiedade, desmembrando-o em unidades-problemas menores e mais administráveis, de tal forma que possam ser resolvidas ou decifradas.
Por exemplo, digamos que você receba um e-mail do líder de sua equipe falando sobre a agenda de uma futura reunião para tratar da revisão do orçamento. No passado, você sempre foi convidado a apresentar as metas orçamentárias para seu departamento, mas até agora você ainda não foi convidado para essa tarefa na reunião deste ano. Você sente um calafrio na barriga, um sinal de que você está começando a ficar ansioso. Os pensamentos aceleram: Por que não fui convidado? Será que eles designaram uma outra pessoa? Meu desempenho foi ruim da última vez? Devo ser um idiota! Vou ser excluído ou convidado a sair?
Pelo método Avaliação-Planejamento-Solução de combate à ansiedade, você pode interromper a progressão da ansiedade assim que perceber que ela está assumindo o controle.
  1. Avaliação: Correto, ainda não recebi nenhum convite para apresentar a previsão orçamentária na reunião de orçamento. Isso é tudo o que eu sei no momento.
  2. Planejamento: Preciso obter algumas informações. Vou contactar meu superior e perguntar-lhe diretamente se ele espera que eu apresente essa parte do orçamento.
  3. Solução: Vou telefonar para meu superior e marcar uma reunião para tratarmos do assunto pessoalmente.
Essa simples seqüência pode substituir aquela sensação de pânico por uma avaliação imediata da situação e um planejamento para tomar as necessárias medidas. Se você se habituar a utilizar esse processo toda vez que sentir aquele calafrio em seu estômago ou aquela pontada em sua cabeça, sua ansiedade será transformada em ação. 

Avaliação


A chave para determinar a causa da ansiedade é enfrentá-la. Não desconsidere os sinais menos expressivos de seu corpo. Eles não vão desaparecer até que você decida enfrentar as causas do problema.
  1. Identifique o problema. O mero fato de você identificar o tipo de problema pode ajudá-lo a reduzir o estresse, pois com isso você elimina, de imediato, todas as outras possibilidades. Identificar um problema torna as coisas mais administráveis.
Descubra qual é o padrão gerador de estresse que descreve sua situação. Por exemplo, você
    • Assume responsabilidades além de seus limites?
    • Acha difícil equilibrar os problemas relacionados ao seu trabalho e à sua vida pessoal?
    • Está no emprego errado?
    • Tem problemas com seus colegas ou supervisores?
    • Tem a tendência de procrastinar, à medida que os prazos vão-se encurtando?
  1. Raciocine de forma construtiva sobre o problema. Isso pode parecer um passo difícil, mas tudo o que você precisa fazer é examinar honestamente seu processo automático de ansiedade. Para tanto, é necessário que você volte atrás e observe seu comportamento, a fim de identificar como sua mente desconsidera as informações ruins ou a percepção do perigo que provoca a ansiedade capaz de transformar o evento inicial em algo aterrorizante. Adote os seguintes passos, um de cada vez:
    • Examine seus pensamentos automáticos. Monitore seus pensamentos automáticos. Que palavras vêm à sua mente? Anote-as e analise-as de forma mais objetiva. Em geral, você consegue ver quão exageradas são. Por exemplo, você costuma referir-se de forma negativa a você mesmo como idiota ou estúpido?
    • Corrija os erros de lógica. A seguir, examine seus pensamentos automáticos, a fim de descobrir os erros de lógica. Por exemplo, se não era prevista a sua participação, por que deveria o seu superior incluir seu nome no e-mail sobre a reunião de orçamento? Tirar conclusões apressadas, achando que você estava sendo marginalizado, é um erro de lógica.
    • Desenvolva hipóteses alternativas. Mesmo que sua mente pule para o pior cenário, deve haver alternativas para explicar a situação. Talvez seu superior tenha presumido que você estava trabalhando no relatório de faturamento ou pode ser que ele tenha outra tarefa para você.
    • Faça uma retrospectiva dos conceitos que você tem a seu respeito e sobre seu trabalho. Em vez de achar que você é um idiota e que o desastre vai ocorrer com toda a certeza, torne-se sua própria fonte de apoio. Pode ser que você tenha dificuldades em adotar essa postura, pois seus conceitos fundamentais podem refletir a maneira arcaica e arraigada de como você encarava a si próprio e o seu trabalho. No entanto, se esses pressupostos não forem verdadeiros e se estiverem bloqueando pensamentos construtivos, então devem ser substituídos por princípios mais saudáveis e mais honestos. A coisa importante a fazer é desconsiderar as distorções que o impedem de chegar a soluções racionais e produtivas.
    • Ao ficar ansioso, nunca se isole. Convide um amigo para ouvir o que você tem a dizer. Compartilhar suas preocupações com a pessoa certa pode ajudá-lo a aliviar a carga da ansiedade, fazendo com que você se sinta melhor. Falar abertamente sobre suas preocupações ajuda a determinar o teor de cada uma delas e a clarificar até que ponto elas são válidas e onde você talvez esteja deturpando o problema. A essa altura, o ouvinte precisa apenas ouvir, em vez de tentar resolver seus problemas. A esse respeito, sua meta é entender o seu processo de ansiedade e criar condições para encontrar sua própria solução.
Planejamento
Planejamento antecipado pode tomar tempo e dar a impressão de ser um fardo, mas seu valor é um retorno mais do que adequado sobre seus investimentos. É por meio do planejamento que você consegue interceptar e substituir a ansiedade prejudicial por uma ação eficaz. Fornecemos a seguir algumas medidas que devem ser tomadas antecipadamente:
Obtenha os fatos. A ansiedade inteligente enfrenta problemas reais, ao passo que a ansiedade prejudicial interpreta mal a realidade. Ficar remoendo a idéia de e se... é uma forma passiva de esgotar sua energia. Portanto, entre em ação! Descubra a verdade sobre o problema. Recorra à fonte das informações e não confie em boatos, fofocas ou em sua própria imaginação fértil.
Estruture sua vida. A ansiedade resulta, em grande parte, de um padrão de vida desestruturado e de raciocínio inadequado. Quando você tenta achar um determinado papel em uma mesa bagunçada, com arquivos espalhados por todos os lados, você acaba perdendo tempo e correndo o risco de perder importantes informações. Da mesma forma, uma mente bagunçada, cheia de incertezas, pode impedir que a pessoa veja a realidade da vida. Em geral, uma pessoa ansiosa gasta mais tempo e energia se preocupando do que em realizações produtivas.
Estruturar sua vida significa ser gentil e atencioso consigo mesmo - organizando sua mesa para que você consiga achar as coisas. Quando você tem uma vida estruturada, isso reduz o risco de perder coisas vitais, como arquivos, informações e chaves -, além de evitar que você deixe de ter uma perspectiva. Use a estruturação como uma espécie de agente antiansiedade: listas, lembretes, programações, regras e orçamentos são todos métodos que você pode utilizar para estruturar sua vida, em seu próprio benefício.
Veja a seguir algumas formas de como estruturar seu espaço:
  • Tire tempo para organizar sua mesa.
  • Use pasta de arquivo de diversas cores, com rótulos legíveis.
  • Crie o hábito de colocar suas chaves sempre no mesmo lugar.
  • Organize a árvore de diretórios de seu computador, bem como sua caixa de correio.
Veja a seguir algumas formas de como estruturar seu tempo:
  • Estabeleça metas. Decida o que você quer ou precisa realizar na próxima semana.
  • Priorize suas metas. Divida-as em atividades menores, administráveis.
  • Use uma agenda para não se esquecer de compromissos e fixar a mente no alvo.
  • Seja razoável consigo mesmo: torne seu planejamento semanal algo exeqüível.
  • Programe suas atividades mais importantes para aqueles horários em que você está em plena forma – a parte do dia em que você se sente totalmente desperto e vigoroso.
  • Programe as tarefas simples e repetitivas para o período do dia em que você está menos disposto.
  • Evite envolver-se em atividades que não tenham nada a ver com suas metas.
  • Faça questão de programar alguns intervalos, a fim de recobrar as energias - levante-se e faça um alongamento, ande um pouco ou converse com um colega.
A estruturação em si pode se transformar em algo difícil. Se para você a idéia de se organizar for causa de ansiedade, então recorra a um amigo ou a um colega - alguém que tem o hábito de manter sua mesa bem arrumada, que nunca se atrasa para as reuniões - em busca de ajuda. Peça a ajuda de mais de uma pessoa - talvez você descubra idéias e meios de estruturar sua vida que sejam realmente fáceis e agradáveis!
Solução
O próximo passo é encontrar o remédio para a ansiedade prejudicial. Raciocinar, planejar e agir constituem poderosos antídotos contra a paralisia do estresse e da ansiedade.
  • Aja prontamente. Se você já avaliou o problema e fez planos de como enfrentá-lo, então vá em frente, arrisque-se e entre em ação! Dê aquele telefonema, mude seu comportamento, limpe sua mesa, contate um amigo ou confronte aquele colega problemático. Quando você entra em ação, você ganha mais força para combater sua sensação de vulnerabilidade e sua ansiedade prejudicial.
  • Deixe as coisas acontecerem. Por que deixar as coisas acontecerem? Por mais que você deseje implementar uma mudança, existem alguns tipos de problema que não podem ser resolvidos, independentemente de qualquer coisa que você faça. O que você deve fazer é simplesmente esperar para ver como as coisas vão ficar. Ficar preocupado com o problema não ajuda em nada. Por exemplo, se de repente o seu superior anunciar que haverá uma reestruturação da empresa, não adianta fazer nada até que as coisas aconteçam e você tenha mais detalhes quanto a como a mudança vai afetá-lo. O que você tem de fazer é esperar calmamente. Uma outra situação é se você estiver aguardando uma promoção, mas a decisão só será tomada daqui a um mês. Você vai se sentir muito melhor - física, emocional e mentalmente - se deixar para se preocupar mais à frente.
O que significa deixar as coisas acontecerem? Significa deixar de controlar as coisas, o que pode ser bastante difícil de ser conseguido. Em geral, as pessoas acham que, por se preocuparem, elas vão alterar o resultado. Entretanto, nos casos em que o controle não ajuda em nada e a ansiedade só serve para atrapalhar, vale a pena o esforço para se livrar tanto da ansiedade quanto do controle.
Como evitar ficar ansioso? Cada pessoa tem seu próprio meio de fazer isso. Alguns acham que a meditação ajuda. Outros ouvem ou cantam uma música. Experimente pegar sua ansiedade, colocá-la na palma da mão e soprá-la. Feche os olhos e imagine a ansiedade vestindo seu casaco, colocando o chapéu e saindo vagarosamente da sala. A coisa mais importante que você dever fazer é dizer adeus à ansiedade que não tem qualquer proveito.
A abordagem Avaliação-Planejamento-Solução faz uso da razão, da lógica e da ação para confrontar os exageros da ansiedade prejudicial, fazendo com que a pessoa ansiosa aumente sua percepção de poder e controle. É por intermédio da convivência que a pessoa faz uso da necessidade humana de se relacionar com outras pessoas, a fim de reduzir o senso de vulnerabilidade. Portanto, as duas abordagens ajudam a reverter a equação básica de ansiedade.
Conviver com outros é sentir-se parte de algo maior que você mesmo. No ambiente de trabalho, pode ser o sentimento de que você faz parte de uma empresa, de um departamento, de uma equipe, todos trabalhando em conjunto. Conviver também significa ter coisas em comum com amigos, com parceiros e com as atividades que você aprecia.
O ambiente de trabalho desunido
Atualmente, quando você se senta em sua sala, separado de seus colegas de trabalho e, mesmo assim, não tão só, você pode ter a sensação de estar isolado das pessoas à sua volta. Empreendedores e funcionários que têm o escritório em casa podem se sentir ainda mais isolados. Nossa comunicação é via e-mail, correio de voz e fax. Na verdade, são raras as vezes que nos comunicamos via telefone e muito menos pessoalmente. Com a abundância de informações disponíveis na internet, nem sequer precisamos conversar com o bibliotecário para conseguir os dados ou a informação de que precisamos para completar um projeto.
Esse senso de isolamento pode agravar nossa ansiedade, contribuir para a preocupação e aumentar o estresse. Pode ser difícil achar alguém com quem conversar e com quem testar nossas preocupações por meio dos testes de realidade; compartilhar notícias, idéias e recursos ou apenas fofocar um pouco sobre os últimos eventos esportivos, políticos ou da própria empresa. Os obstáculos que impedem a convivência, criados pela própria empresa, podem ser assustadores:
  • Tratar os funcionários como se fossem robôs
  • Utilizar a comunicação técnica em vez da interação humana
  • Encorajar um desejo competitivo de esconder informações em vez de compartilhá-las
  • Isolar fisicamente os funcionários em "cubículos"
  • Sobrecarregar os funcionários com horas extras
O horário, a pressão e a competição fazem com que os funcionários se debrucem sobre suas mesas, aumentando seu estresse e, conseqüentemente, diminuindo sua produtividade. 

O poder da convivência


Ao mesmo tempo em que o isolamento permite o avanço da ansiedade prejudicial, o contato humano pode ter efeito contrário. O momento humano - quando duas pessoas se vêem face a face e ouvem o que cada uma tem a dizer - dá à pessoa ansiosa a oportunidade de se livrar do peso da ansiedade, de poder obter de seu ouvinte um feedback da realidade, de poder ser tranqüilizada no sentido de que ela não está só na luta contra problemas aparentemente intransponíveis.
Esse momento humano em que ocorre a interação entre duas pessoas é essencial para combater o estresse negativo e as preocupações mal fundadas. Outras formas de convivência positiva, porém, são importantes também e constituem poderosos antídotos contra o estresse e a ansiedade. No local de trabalho, todas as pessoas - funcionários individuais, supervisores e profissionais autônomos - devem se esforçar para incrementar a convivência delas próprias e de outras com aquelas pessoas nas quais elas confiam e com idéias e coisas que para elas têm valor.
Dois tipos de interação são fundamentais no local de trabalho: convivência com colegas e com a missão da empresa.
  • Convivência com colegas. Isso exige esforço de sua parte, mas vale a pena. Procure outros membros de seu departamento ou de sua equipe sem, contudo, limitar-se a esse grupo de pessoas. Comece dizendo um simples olá! Fique um pouco na cantina conversando sobre trivialidades. No restaurante, procure sentar-se ao lado de uma pessoa que você não conhece. Ao conversar com as pessoas, procure saber a respeito do trabalho, da família ou de outros interesses delas - normalmente, ficamos satisfeitos quando alguém se interessa por nós.

    Empreendedores e funcionários que trabalham em casa podem promover reuniões, formando um grupo unido que compartilha suas experiências - sucessos e problemas, ansiedades e preocupações. Reuniões semanais ou mensais (ou até mesmo nas salas de bate-papo da internet), com a finalidade expressa de manter contato, são usadas, primariamente, como ferramentas para o intercâmbio de informações profissionais, mas também podem satisfazer as necessidades que o ser humano tem de convivência social.
  • Convivência com a missão da empresa. No serviço, falar constantemente sobre os projetos da equipe ou sobre a missão da empresa pode ajudá-lo a criar o mesmo espírito de união quando você troca idéias com um colega. Ao sentir que você faz parte de um todo e não de um conjunto intercambiável, isso cria um senso de valor próprio. Como supervisor, ao encorajar esse tipo de espírito de união, você contribui para o aumento da produtividade de sua equipe. Como funcionário, ao demonstrar interesse nas pessoas, você ajuda a transformar uma ansiedade negativa em energia positiva.
Esses dois tipos de convivência podem produzir um senso de união no ambiente de trabalho que é fundamental tanto para o bem-estar da equipe quanto para sua produtividade.
A convivência para soluções imediatas
Relacionamentos duradouros, positivos e confiáveis, podem ser o melhor tipo de convivência antiansiedade. Às vezes, porém, tudo o que a pessoa precisa é de uma solução rápida. Contactar alguém para encontrar uma solução rápida não resolve problemas sérios, mas pode ser muito útil no que diz respeito a crises esporádicas que, praticamente, todo o mundo tem.
O consolo curativo. Por exemplo, se dois diferentes supervisores pedirem a um funcionário para preparar dois relatórios distintos a serem entregues no mesmo dia, é provável que o funcionário entre em pânico por causa do volume de trabalho que a tarefa vai exigir. Pode parecer algo impossível de ser realizado, e quando a pessoa antecipa o fracasso cria ondas de estresse prejudicial. O que fazer? Em situações como esta, o funcionário pode usar algum tipo de consolo apenas para ajudá-lo a enfrentar com êxito aquele momento difícil.
O consolo é um tipo de convivência que diz à pessoa ansiosa que tudo vai dar certo. É um tipo de alívio que, por ser uma expressão contrária, pode amenizar a ansiedade e propiciar encorajamento suficiente para ajudar a pessoa aflita a sair daquela situação difícil. É fácil de dar e é sempre bem-vindo.
  • Obtendo consolo. Peça consolo quando precisar dele. Isso é difícil para algumas pessoas, mas vale a pena aprender como fazê-lo. Não use linguagem corporal ou perguntas evasivas para que as pessoas descubram que você precisa de consolo. Apenas diga: Diz pra mim que tudo vai dar certo. E o que é ainda mais importante: dirija-se à pessoa certa. Algumas pessoas, simplesmente, não conseguem responder - ou porque estão muito distantes ou porque são honestas demais. Certifique-se de que a pessoa a quem você pediu consolo saberá quando for encorajadora e quando será preciso dar uma opinião honesta.
  • Dando consolo. Mesmo que seja fácil tranqüilizar alguém, pode parecer algo difícil. Se você nunca recebeu consolo ou caso acredite que as pessoas precisam ser fortes o suficiente para enfrentar seus problemas sem precisar de consolo ou se você for do tipo de pessoa que acredita que se deve sempre ser honesto quanto às perspectivas de sucesso ou de fracasso, então, neste caso, talvez você tenha alguma resistência quanto a dar consolo. Você vai se surpreender ao saber que poucas palavras de consolo podem fazer com que uma pessoa transforme sua ansiedade em produtividade. Diga à pessoa: Tudo vai dar certo. Dê-lhe um tapinha nas costas, um pequeno abraço, um pouco de esperança para se ter confiança.
O consolo é apenas um curativo para cobrir uma ferida. Se essa for a única ferramenta para contra-atacar a ansiedade, ela não é suficiente. Pessoas com história de ansiedade crônica precisam mais do que um consolo. Precisam desafiar a si mesmas de forma mais sistemática e holística.
Obtendo alívio com o desabafo. Outra forma de convivência visando a uma rápida solução é o desabafo. Por exemplo, se sua semana foi horrível e parece que tudo deu errado - seu carro enguiçou, seu assistente pediu demissão, seu computador pegou um vírus e seu orçamento não foi aprovado -, você pode se sentir derrotado e começar a conjecturar qual será a próxima catástrofe. O estresse gerado ao lidar com problemas reais como esses pode, subitamente, assumir proporções gigantescas e interferir na abordagem racional da solução de um problema. Em casos assim, um consolo não vai ser suficiente - é necessário que haja, adicionalmente, uma saudável sessão de desabafo.
Desabafar pode trazer alívio, pois você tem a chance de se desfazer do peso de seus problemas. O simples fato de listá-los em voz alta pode reduzir o poder que eles têm de assolar sua mente ansiosa. Desabafar pode lhe fazer bem!
Não obstante, certifique-se de desabafar com a pessoa certa. Você precisa de alguém para ouvi-lo e demonstrar empatia, e não de alguém que vai considerar que seus problemas não têm a menor importância e muito menos alguém que queira resolver tudo por você. A finalidade do desabafo é aliviar sua mente para que você tenha a condição mental de se revitalizar e voltar a lidar com seus problemas de forma apropriada.
Conversando consigo mesmo
A autoconvivência pode ser uma das mais eficazes estratégias de como desafiar e vencer o estresse. À medida que crescemos e adquirimos experiência sobre o mundo em que vivemos, desenvolvemos pensamentos automáticos que nos ajudam a identificar seletivamente nossas percepções e experiências. Se esses pensamentos automáticos forem saudáveis e construtivos, conseguiremos lidar com os problemas da vida de forma positiva. Entretanto, as pessoas que têm ansiedade crônica, em geral, sujeitam-se a pensamentos automáticos negativos que contribuem para sua ansiedade e estresse.
O poder dos pensamentos negativos
A autoconvivência negativa, isto é, aquilo que você diz a si mesmo, contribui diretamente para o seu estresse. A autoconvivência está relacionada aos seus pressupostos e crenças pessoais e é algo tipicamente automático, familiar e inconsciente.
  • Nosso corpo não consegue distinguir entre nossas experiências reais e aquilo que imaginamos. Quando imaginamos um resultado ruim - por exemplo, ser despedido do emprego -, nosso corpo reage ao pensamento como se estivesse acontecendo na realidade. Todas as reações físicas que podem acontecer em uma situação de perigo real também acontecem quando criamos imagens mentais.
  • Estamos constantemente falando com nós mesmos, e se essas mensagens forem negativamente críticas (Como eu pude fazer uma bobagem dessas!) ou um xingamento (Seu idiota!) -, então passamos a acreditar nelas.
  • Dificilmente paramos para analisar o que falamos com nós mesmos. Por exemplo, não temos o hábito de nos opor à crítica por sermos compreensivos ou perdoadores. Em outras palavras, não argüimos nossas próprias conjecturas. Visto que não oferecemos qualquer resistência aos pensamentos negativos, como Sei que não vou conseguir esse aumento, esse tipo de pensamento pode se tornar uma realidade por si só. 

Fique atento ao falar consigo mesmo


  1. Identifique seus pensamentos automáticos. Considere aquilo que você fala a si mesmo ao chegar ao escritório. A mensagem é positiva ou negativa? Ela tem algo familiar? Por exemplo, você olha para sua mesa e pensa: Não vou conseguir terminar tudo o que tenho para fazer hoje! A mensagem é clara? Você está alterando ou exagerando a situação?
  2. Identifique as armadilhas mentais que, comumente, cativam seus pensamentos automáticos.
 
Armadilhas mentais
Quais são
Declarações do tipo "Eu devia"
Eu devia fazer isso. Eu preciso fazer aquilo. Você se motiva com os devias e depois se sente culpado.
Pensamento do tipo "É tudo ou nada"
Um só erro e vai ser um fracasso total. Você vê as coisas de forma extremista: preto ou branco, tudo bom ou tudo ruim.
Excesso de generalizações
Isso sempre acontece. Você determina um padrão de inevitabilidade a um evento que ocorre uma ou duas vezes.
Filtro mental
Esse tipo de erro acaba com tudo. Você vê apenas o lado negativo de um evento e ignora o lado positivo.
Rejeitando experiências positivas
A equipe elogiou meu trabalho apenas por educação. Você só aceita mensagens negativas.
Tirando conclusões precipitadas
Nosso departamento vai passar por uma reestruturação. Sei que vou ser demitido. Sem se preocupar em obter os fatos, você assume o pior.
Raciocínios emotivos
Acho que sou um perdedor; devo ser mesmo. Você supõe que seus sentimentos negativos representam a realidade.
Julgando a si mesmo
Sou um idiota e irresponsável por ter chegado atrasado para a reunião. Você faz um julgamento negativo de si próprio.
Personificando
A proposta foi rejeitada porque eu fazia parte da equipe. Você atribui causa e culpa a si mesmo indevidamente.
Essas armadilhas mentais constituem crenças irracionais que o impedem de ter uma visão pura e realista de seu mundo. Identificar aquelas que você usa e com as quais você se sente confortável vai ajudá-lo a se preparar para desafiá-las.


  • Desafiando as distorções ao conversar consigo mesmo.
Armadilhas mentais
O que são
Declarações do tipo "Eu devia"
Use quero ao invés de devia. Permita-se alguma flexibilidade ao decidir o que você quer fazer.
Pensamento do tipo "É tudo ou nada"
Não faça julgamentos do tipo tudo ou nada. Leve em conta as probabilidades ou os percentuais (40% ou 75%).
Excesso de generalizações
Considere a evidência. Isso é sempre verdade, ou das cinco ocorrências passadas apenas duas foram confirmadas?
Filtro mental
Procure ver as coisas tanto do lado positivo quanto do negativo. Foque a solução do problema.
Rejeitando experiências positivas
Reconheça e aceite a realidade de experiências ou acontecimentos positivos.
Tirando conclusões precipitadas
Primeiro, obtenha os fatos. Verifique se a evidência apóia sua conclusão.
Raciocínios emotivos
Não se prenda só às suas emoções. Tente ver a si mesmo como os outros o vêem.
Julgando a si mesmo
Em vez de fazer uma descrição de si mesmo, descreva seu comportamento. Se você cometeu um erro, reconheça-o; evite o sentimento de culpa.
Personificando
Prove a si mesmo que você é responsável pela situação. Qual é a evidência?
Opte por uma autoconvivência positiva
  • Reformule o modo como você vê as coisas. Reformular é uma forma de transformar afirmações negativas de sua autoconvivência em algo positivo. Significa colocar o quadro ou a experiência em uma moldura diferente, de modo que você possa vê-la de outro ângulo. Considere o pior no caso de determinada situação. Por exemplo, o que dizer se você for realmente demitido depois de uma fusão de sua empresa. O que lhe aconteceria? Que novas oportunidades poderiam surgir com essa mudança? Em outras palavras, tanto quanto possível, analise a situação de diferentes pontos de vista. Uma situação aparentemente desastrosa pode abrir oportunidades impressionantes. O que pode parecer um erro terrível talvez seja uma grande oportunidade para uma nova aprendizagem.
  • Reanime-se. Dê consolo e apoio a si mesmo. É necessário praticar a autoconvivência positiva e construtiva. No início, pode parecer um tanto incômodo, mas não desista. Diga a si mesmo que está bem, que vai conseguir o que quer e que merece aquele aumento. Conceda a si mesmo o crédito que lhe é devido. As alternativas positivas vão ganhar fôlego porque, de fato, fazem sentido.